sábado, 27 de abril de 2013

O Power Metal não morreu

O Power Metal, (Metal Melódico como às vezes é chamado no Brasil) é um subgênero do Heavy Metal que começou seu desenvolvimento no inicio dos anos 80 na Alemanha e teve de meados dos anos 80 ate o inicio do século 21 o seu ápice de público, chegando a ser considerado a grande modinha dentro do Heavy Metal nesse período. Atualmente esse título fica com o Gothic Metal (eca!) e o Death Metal. 

Fato é que desde por volta de 2005 muito tem se falado no saturamento do Power Metal e hoje só as principais bandas do estilo se mantêm com seu fiel público. O estilo sempre teve como ideia "mesclar para inovar", o Power Metal começou com bandas que trouxeram para o metal uma influência da música erudita, sendo que com o tempo recebeu influências do erudito, do folk, do barroco, do progressivo, do thrash e etc, mas há muito vinha se falando que nada novo nascia na cena. Mas agora nasceu \o/ 


A banda finlandesa Stratovarius (uma de minhas preferidas) pode facilmente ser considerada como um dos três grandes pilares do Power Metal ao longo dos anos junto dos alemães do Helloween e do Blind Guardian. Os finlandeses sempre foram considerados como uma das mais melódicas bandas do Heavy Metal, sempre carregando forte influência da música erudita em seu som. E o Stratovarius era uma das bandas que vinha sendo mais criticada, pois há anos vinha fazendo seu som sem sair da zona de conforto, alguns até afirmando que os caras já estavam se autoplagiando. 


Com a saída do principal compositor do grupo, Timo Tolkki, parece que os outros integrantes ganharam mais liberdade para compor. Os dois álbuns lançados após a saída de Tolkki não mudaram muita coisa. Mas o álbum "Nemesis" lançado este ano mostrou que o Stratovarius nunca pode ser negligenciado. O som dos caras manteve sua essência melódica/erudita, mas com uma roupagem diferente e moderna.


O guitarrista que substitui Tolkki, Mathias Kupiainen se desvinculou um pouco do estilo anterior das linhas de guitarra. Agora o instrumento não parece ter aquela obrigação de soar erudito como tinha com Tolkki. Mathias ainda mantém isso, mas demonstra também mais agressividade, riffs mais distorcidos e pesados e nem sempre naquela velocidade da luz de Tolkki. Porém o principal líder dessa mudança no som da banda é o tecladista Jens Johansson que saiu completamente da zona de conforto do Stratovarius. Jens trouxe para a banda nesse álbum forte influência da música eletrônica, dando um grande contraste com as influências eruditas da banda. Isso tornou o som mais moderno, as vezes até meio com aquele ar "futurista". E de fato, isso é totalmente inédito no Power Metal.

 
Modesta opinião, a melhor faixa do álbum, composta pelo tecladista Jens Johansson. O teclado dançante de uma forma nunca vista no Power Metal

E a banda ainda pode ir mais longe. O vocalista Timo Kotipelto, com sua inconfundível voz doce e sempre cristalina, poderia sair da sua zona de conforto também. Assim como a guitarra do Stratovarius não precisa soar sempre clássica e o teclado não precisa se parecer sempre com um cravo, Timo não precisa ser sempre cristalino e poderia tentar um vocal mais agressivo. Em suma, um dos principais nomes do Power Metal tratou de sair da sua zona de conforto e deu novo gás ao estilo e ao seu próprio som, mas sem perder as caracteristicas que marcam a banda nesses quase 30 anos de história.

 
Outra ótima faixa, também composta pelo tecladista Jens Johansson. Um perfeito entrosamento entre guitarra e teclado. Um solo de guitarra como nunca se veria com Tolkki.

Deixo a pergunta caro leitor, você prefere que a sua banda favorita ou uma das favoritas fique por anos fazendo o mesmo som manjado que agrada a seu fiel público, ou prefere ver sua banda favorita expandindo seus horizontes, inovando e buscando novos fãs?

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O rock nacional está morrendo?

Esses dias eu li uma ótima matéria que abordava o rock nacional, desde os anos 60 até os dias recentes. Muito bem escrita e tudo mais, porém o principal ponto que me surpreendeu foi que o autor em toda a matéria considerou e tratou as bandas de Heavy Metal como qualquer outra banda nacional.

Enquanto lê esse texto, ouça Angel With Horns da Shadowside e comprove que o rock nacional ainda vive e com muita força e que inclusive as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço na cena, principalmente no heavy metal que sempre foi tão fechado.

Geralmente quando se lê matérias que abordam a história do rock nacional as pessoas consideram as bandas que fizeram parte do movimento Rock Brasil entre os anos 60 e 80 e as bandas que surgiram após o movimento, mas mantiveram as características e ideologias do estilo. E quando falam do rock atual, dizem que o mesmo está morrendo com o monte de porcaria que tem no cenário recente  Quando consideram as bandas de Heavy Metal só falam de Sepultura e Angra que já fazem parte da história do rock nacional. Ou como já vi em muitas matérias, o heavy metal acaba sendo sempre tratado de forma separada do resto das bandas por ser um estilo muito diferente do que o rock nacional produziu.


O Heavy Metal nacional começou seu desenvolvimento de facto em meados dos anos 80 com o fim da ditadura militar quando as bandas puderam lançar seus primeiros álbuns. Porém a primeira banda nacional do estilo, a Stress já vinha se desenvolvendo desde os anos 70 e no inicio dos 80 lançou seu primeiro registro. Na época os caras receberam varias propostas para adequar o seu som em algo mais comercial para poder ser encaixada no Rock Brasil e receber o apoio das gravadoras que suportavam as bandas do movimento, mas a Stress se manteve fiel a seus próprios ideais e não se vendeu.

Diz se que este foi o estopim para as bandas nacionais de heavy metal começarem a compor em inglês, pois viram que não teriam apoio das gravadoras de seu próprio país e buscaram suporte de selos internacionais. Quando o Sepultura conseguiu um contrato com uma gravadora norte americana ainda no fim dos anos 80, a cena se consolidou com o inglês como idioma principal e as bandas compondo em português sendo as exceções.

As origens do rock pesado nacional estão na banda Stress

A questão é que mesmo as bandas de heavy metal nacionais estarem usando o inglês, elas continuam sendo brasileiras. O Heavy Metal é um subgênero do Rock'n roll, hoje tão amplo e abrangente quanto este. Portanto, as bandas de heavy metal também fazem parte do rock nacional, apesar de ser underground. Você que diz que o rock nacional está morrendo, se você diz isso, você não conhece o underground e o Heavy Metal nacional.

Pois deixo para vocês refletirem um pensamento de um dos mestres do heavy metal nacional, Andre Matos:
"eu acredito que só do Underground pode surgir grandes talentos, quando não vem do Undeground é forjação, é armação na realidade, são coisas já pré-moldadas que acabam sendo empurradas na mídia. Eu acho que o talento real nasce no Underground e aí eventualmente vai ter acesso aos grandes meios de comunicação ou não, mas eu acredito que o único berçário de grandes talentos é o movimento underground... O nosso estilo musical não deixa de ser um estilo Underground mesmo que por vezes a gente consiga espaço em algumas emissoras de TV, consiga espaço em grandes festivais como o Rock In Rio por exemplo, mas na maior parte do tempo a gente lida com situações Undergrounds, a gente entende que seja assim não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro."

E realmente os grandes artistas que tem seu nome gravado na história da música, principalmente no rock e heavy metal, saíram do underground. Mas hoje em dia a indústria fonográfica está a todo momento tentando forjar bandas e empurrar para o público e isso resulta no monte de lixo musical que tem por aí.

Nos países onde o heavy metal é underground o Brasil é considerado muitas vezes como tendo a cena mais rica e de longe com o maior potencial para ir para o Mainstream. A cada ano o país recebe mais shows internacionais de Heavy Metal e sinceramente, metade das bandas que vêm as terras brasis são inferiores ao que temos no nosso underground atual. Então se você gosta de rock pesado, não tem o menor motivo para dizer o rock nacional está morrendo e vemos muita gente falando isso, principalmente entre pessoas as pessoas com um pouco mais de idade que vivem do saudosismo dos anos 80 e afins.

Para essas pessoas eu deixo o refrão de Wasted Years do Iron Maiden que fala exatamente sobre o tempo perdido que o saudosismo causa,

"So understand
Don't waste your time always searching for those wasted years
Face up...make your stand
And realize you're living in the golden years
"

Relembrar o passado é bom, mas ficar preso nele é ridículo.

domingo, 7 de abril de 2013

The Lighthouse

Essa semana foi complicada e muito corrida, não tive tempo para pensar em absolutamente nada para postar aqui. Mas não deixarei a semana passar sem postagem.

Eu deixo para vocês fãs de animação o curta taiwanes "The Lighthouse" de 2011 e produzido pelo artista Po Chou Chi que recebeu cerca de 19 prêmios internacionais. Uma animação de extrema sensibilidade e delicadeza que toca na alma.