domingo, 26 de agosto de 2012

Byousoku 5 Centimeter

Faz algum tempo que não via uma animação que ao terminar de assistir eu pensasse, “Porra, não vou esquecer-me desse anime tão cedo”. Byousoku 5 Centimeter é um filme animado do estúdio CoMix Wave Inc e que foi escrito, dirigido e produzido pelo glorioso Shinkai Makoto.

A animação lançada em 2007 é um drama (coloca drama nisso) romântico dividido em 3 “episódios” que somam 65 minutos. A trama se passa no começo dos anos 90, seguindo até os dias atuais e desenvolve se em torno dos personagens Takaki Tono e Akari Shinohara que na infância tornaram se grandes amigos devido a gostos e modo de pensar em comum. Um dia a família da garota Akari se mudaria e assim os inseparáveis amigos seriam separados pelo destino.


Byousoku 5 Centimeter é um romance arrastado, denso e bastante dramático cheio de simbolismos e leve pitada de filosofia. A estória não tem nada de inovador e no começo parece ser bem clichê. Mas não demora muito a se notar que o filme vai além e entrelaça no romance seu principal ponto, à distância, tanto física como sentimental. Uma trama sobre como a vida guiou Akari, Takaki e a coadjuvante Sumida Kanae por trilhos diferentes sem lhes dar a chance de se reencontrarem, todavia, mantinham se conectados através de seus sentimentos. Como de costume nas obras de Makoto, a solidão, amores perdidos e a beleza dos menores atos do dia a dia são os principais pontos da animação.

No primeiro episodio do filme, “Chosen Cherry Blossoms” é mostrada a amizade de Akari e Takaki em flashbacks e o episodio em si é focado na comunicação a distância dos dois após Akari ter se mudado com sua família. Os Jovens se comunicam através de constante envio de cartas (na época ainda era comum) que não tinham teor romântico, mas sim o de uma pura e inocente amizade em que amigos se contavam sobre seus cotidianos e últimos acontecimentos.  Até que Takaki descobre que ele também irá se mudar para outra cidade, o deixando extremamente longe de Shinohara. Com isso em mente o rapaz decide ir visitar Akari em sua cidade, pois não saberia se posteriormente seria possível. Após uma longa e dramática viagem de trem em meio a uma tempestade de neve, que ocasionou muitos atrasos, os amigos se reencontram.


No segundo episodio “Cosmonaut”, vemos Takaki adolescente vivendo já na cidade para que se mudou. Neste ato, que considero o melhor dos três, é inserida a terceira personagem do filme, a garota Sumida (sem trocadilhos com o nome, por favor, rs) que nutre um amor não correspondido por Takaki. A garota sequer chega a dizer sobre seus sentimentos para o rapaz, pois o vê sempre como uma pessoa muito gentil, porém muito triste que está sempre a olhar ao horizonte, como se procurasse por alguém. E o ato de Tono estar sempre escrevendo mensagens de texto para alguém em seu celular não facilita em nada para Sumida que logo percebe que apesar da proximidade física entre os dois, a mente e os sentimentos de Takaki estão muito distantes, voltado para outra pessoa.



No último episódio “5 centimeters per second”, somos apresentados a um Takaki adulto que acabara de sair de um relacionamento, agora vivendo em Tóquio e ainda com sua mente em Akari.

Digo uma coisa, dificilmente você verá um trabalho artístico tão bonito como em Byousoku 5 Centimeter. A animação é impecavelmente bem feita e os cenários, apesar de às vezes um pouco sem vida por serem tão grandes, vazios e estáticos, são absurdamente bonitos. Makoto consegue transformar até os cenários mais banais como estações e um mercadinho em algo especial, passando lhe uma sensação de como você pode apreciar e encontrar a beleza nas coisas mais simples do cotidiano. Os cenários quase sempre são vastos e muitas vezes mostrados de forma aberta, lhe fazendo mergulhar na solidão das personagens. Isso unido a tons de cores que dão um ar bastante melancólico ao anime, parecendo sempre que a luz dos cenários está em segundo plano, como algo inalcançável. 
Há ainda mais analogias, como o constante mostrar de pássaros voando livremente pelos céus e se deslocando facilmente, tornando a distância um obstáculo facilmente superável, o que não se aplica aos protagonistas do filme, além é claro da analogia do cair das pétalas de uma cerejeira com o distanciamento das pessoas. Não posso deixar de destacar a trilha sonora que é bem adequada e a música de encerramento do anime, extremamente bonita e bem elaborada.


 Enfim, uma das melhores animações que assisti nos últimos anos. Recomendo a todos que gostam do estilo dramático/romântico.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Hipocrisia vegetariana

Desde a infância eu tive problemas em comer carne. Não gostava e era um sacrifício para minha mãe me fazer comer. De certa idade em diante eu não conseguia olhar para a carne em meu prato sem pensar na vaquinha vivendo feliz no pasto hehe. Além de não gostar, passei a considerar repugnante.


Minha mãe aceitou e finalmente parou de me empurrar carne para comer. Hoje mantenho uma dieta controlada por uma nutricionista, devido alguns problemas genéticos e por opção própria está é uma dieta vegetariana. Não tenho nenhum ideal por trás disso, apenas não gosto e nunca gostei de comer carne.

Recentemente li textos afirmando coisas como "o triunfo da humanidade vegetariana", "a superioridade vegetariana", "ser vegetariano é uma questão de humanidade". Isso indo de textos de blogueiros pela internet até textos de famosos autores que defendem esse estilo de vida. Eu sempre digo, não podemos negar quem somos e nem a nossa história. O "homem duplamente sábio" ou Homo Sapiens Sapiens é um mamífero onívoro, a evolução humana o fez assim. O símio Australopitecos era um animal herbívoro que teria dado origem ao Homo através de mutações genéticas, mais precisamente origem ao Homo Habilis que é considerado o primeiro do gênero Homo. Alguns dos fatores que contribuiram para a extinção do Australopitecos foram sua não adaptação as mudanças climáticas e o facto de ter uma alimentação muita restrita, já o Homo Habilis havia se tornado um animal tanto herbívoro como carnívoro, e desde então até o Homo Sapiens nós somos onívoros. Não tem sentido algum dizer que em ser vegetariano há mais humanidade desde que você conheça a história do homem hehehe.

Somos animais também e fazemos parte do ciclo natural do planeta, assim como de sua cadeia alimentar.
Claro que sou contra maltratar e torturar animais, o mesmo para o uso deles em rodeios, touradas e qualquer coisa parecida. Eu não gosto nem de deixar meu cachorro preso numa corrente atada a sua coleira, não tenho coragem nem de matar uma formiga. Sou totalmente a favor dos direitos dos animais e achei supimpa o Código Penal brasileiro ter se tornado mais rigoroso quanto a práticas cruéis e dolorosas com animais. Sou vegetariano tanto por não gostar de carne, como por considerar mais saudável e também por ter peninha dos animaizinhos hehe.

Será?

Mas por favor, parem com essa besteira que ser vegetariano é uma questão de humanidade. Quer ter mais humanidade? Pois então pare e pense que atualmente 925 milhões de pessoas no mundo passam fome, ou seja, a cada sete pessoas vivendo neste maldito planeta, uma não consegue diariamente alimentos suficientes para ser considerada saudável. Enquanto isso você fica ai de mimimi que ser vegetariano é ser superior, é mais humanitário. Quer ser humanitário? Seja um militante contra a fome e deixe de lado discussões estúpidas como essa. Impressionante como as pessoas se engajam em discussões tão superficiais.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Dica de Música - Plata O Plomo

Estive pensando o que postar essa semana e decidi criar a sessão "dica de música". Obviamente as postagens estarão sujeitas ao meu gosto musical. Portanto na maior parte das vezes postarei algo ligado ao heavy metal que é o que mais ouço depois de trilhas sonoras, mas uma trilha se ouve por completo e não apenas uma faixa, logo não faz sentido postar aqui.

A ideia é postar não "apenas" uma música bacana que tenha uma melodia legal, uma letra bem elaborada ou bonitinha. A intenção é trazer nessa sessão músicas que sejam boas harmonicamente falando, mas que contenham também em suas letras um potencial cultural, uma curiosidade ou coisa semelhante. Começamos com...


                   Plata O Plomo – Enslaved – Soulfly

Sobre a banda: Soulfly é uma banda estadunidense que mescla vários subgêneros do heavy metal em seu som. Apesar de estadunidense, o criador da banda é o brasileiro Max Cavalera, um dos fundadores da maior banda brasileira de heavy metal, o Sepultura.

Sobre o álbum: Enslaved é o oitavo álbum de estúdio do Soulfly e foi lançado em Março de 2012. Na semana de lançamento Enslaved alcançou a posição número 82 da Billboard 200 nos EUA que marca semanalmente os 200 álbuns mais vendidos no país.

Sobre a música: A faixa é a única a não ser cantada em inglês no álbum. Está parte em português na voz de Max Cavalera e parte em espanhol na voz de Tony Campos. É basicamente um Thrash Metal com partes em que há a presença de um violão tocando flamenco, dando ênfase nesse lado hispânico da música.

Plata O Plomo fala sobre o narcotraficante e narcoterrorista Pablo Emilio Escobar Gaviria. Pablo Escobar entrou cedo para o crime realizando pequenos furtos em Medellín e antes dos 22 anos já havia se tornado um homem muito poderoso. É considerado até hoje como o mais poderoso traficante de drogas da história, tendo se tornado o sétimo homem mais rico do mundo nos anos 90. "El Patron" (o padrinho) era como o apelidaram seus homens do Cartel de Medellín que negociava cocaína em muitos países na América e até mesmo na Ásia e mantinha uma sangrenta guerra contra o Cartel de Cali.

Escobar ficou marcado pela corrupção de muitos oficias da lei e do governo colombiano e pela intimidação em seu modo de agir que o fez criar o “Plata O Plomo” (dinheiro ou chumbo), uma estratégia para lidar com a lei e o governo onde recebia o dinheiro ou literalmente mandava chumbo em seus negociadores. Pablo Escobar é tido ainda como responsável pela morte de três candidatos a presidência na Colômbia e por um atentado contra o prédio da segurança nacional, dentre outros atentados em que estima se que tenha sido responsável pela morte de cerca de 4000 pessoas. Há ainda quem acredite que Pablo Escobar foi o responsável pelo atentado  a Suprema Corte Colombiana de 1985 em que metade dos juízes da corte foram assassinados pelos guerrilheiros da esquerda nacional. Todavia, Pablo era visto pela população pobre da cidade de Medellín como uma espécie de Robin Hood, era comum ver o traficante distribuindo dinheiro aos pobres e também é creditado a ele grandes investimentos na cidade de Medellín e no esporte local, principalmente no futebol. Não estou fazendo apologia ao narcotráfico ou ao terrorismo, apenas descrevendo fatos. Escobar era protegido pela população que sempre o ajudava.

Em 1991 Escobar entrou em um acordo com o governo colombiano quando temia ser extraditado para os EUA. Pablo negociou com o governo uma sentença em que seria preso durante 5 anos, mas sem sofrer a extradição. O próprio traficante construiu sua prisão, "La Catedral", uma verdadeira mansão onde ele ficava "preso". Mas ao ser acusado de matar negociadores que iam até La Catedral, Pablo teve seu acordo invalidado e seria extraditado, porém ele fugiu antes que qualquer atitude contra ele pudesse ser tomada.

Caçado pelas polícias estadunidense e colombiana, Pablo foi baleado e morto em uma fuga pelos telhados de Medellín. Essa caçada foi documentada no livro “Matando Pablo: A caçada final ao rei da cocaína” do escritor Mark Bowden, e se não me engano, também há um filme baseado neste livro. Além disso, há vários livros que retratam a vida de Pablo Escobar, como o "La Parábola de Pablo" que é um dos mais elogiados pela crítica e também há alguns seriados de televisão, como o "Escobar: el patrón del mal" (Escobar: O Patrono do mal), e documentários como "Pablo Escobar: Anjo ou Demônio?" que retratam a vida do lendário narcotraficante sul americano.

Pablo Escobar ainda é um assunto bastante polêmico na Colômbia e divide bastante a opinião dos colombianos, sendo que parte da população trata Escobar como herói que lutou contra o governo a favor do povo e parte o trata como uma encarnação do próprio mal.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Arquitetura, História e Games!

Vou falar um pouco de games nesta postagem, para ser mais preciso, sobre a série Assassin’s Creed. Mas não irei comentar sobre a história da série ou analisar os games, meu foco é outro.

Assassin’s Creed, criada pela Publisher francesa Ubisoft, é uma das series de games de maior sucesso na atual geração de videogames. Além de atrair os amantes de games, a série também tem um forte apelo entre estudantes e simpatizantes de Arquitetura e História. É ai que está o meu ponto de interesse nesta postagem.

Atualmente a serie conta com quatro games: Assassin’s Creed, Assassin’s Creed 2, Assassin’s Creed Brotherhood e Assassin’s Creed Revelations. Em todos estes games exploramos cenários como Jerusalém e Damasco em meio ao período de Cruzadas, Florença, Roma e Veneza em seu período de Renascimento e a Constantinopla de domínio Otomano. o Grande trunfo de Assassin's Creed é misturar elementos e personagens fictícios com acontecimentos e personagens históricos reais.

Há de se destacar a qualidade da pesquisa realizada pela Ubisoft no desenvolvimento dos games. Todas as cidades são reproduzidas fielmente a partir de suas arquiteturas de época de acordo com uma determinada escala. Todos os principais monumentos das cidades estão presentes também. Você pode, por exemplo,  visitar o Coliseu em Roma, a Basílica de Santa Sofia em Constantinopla e etc. Um camarada que foi para Roma recentemente disse que é até possível você ver localidades em Roma e lembrar-se do game, tamanha a fidelidade. Claro, com suas devidas proporções, pois a Roma retratada na série é a Roma Renascentista e não a atual.
O Panteão de Roma

O Panteão de Roma no game

Basílica de Santa Sofia

Basílica de Santa Sofia no game

Minha mãe nunca se interessou por jogos, até então. Ela que se formou em arquitetura ficou simplesmente pasma. Ficava assistindo minha jogatina e se deslumbrando com a arquitetura do jogo. Há também nos games muitas informações e curiosidades históricas que podem ser acessadas nos bancos de dados para os mais curiosos. 

Assassin’s Creed Revelations é o último game da serie até o momento, mas ainda este ano não será mais rs. Neste episodio da franquia nos bancos de dados é possível aprender muita, mas muita coisa da história do Império Otomano e da própria cidade de Constantinopla, assim como muitas curiosidades. Como essa, por exemplo, que fala um pouco do Chifre de Ouro:

Chifre de Ouro

“O Chifre de Ouro – ou Haliç, significando “canal” – é um estuário que deságua no estreito de Bósforo, dividindo Constantinopla em duas metades, a norte e a sul.... Em 1502, depois da trégua na violência entre otomanos e venezianos, o sultão Bayezud II convidou o florentino Leonardo da Vinci para que projetasse uma ponte que atravessaria uma área de 250 metros de largura do Chifre de Ouro. Porém, ao ver o projeto de Leonardo, o sultão achou que fosse ambicioso demais e descartou a ideia. 

Quatro anos depois, Bayezid fez o mesmo convite ao jovem artista Michelangelo. Contudo, Michelangelo – rival declarado de da Vinci – recusou no ato o convite do Sutão, sabendo que Leonardo havia sido convidado primeiro”. - Trecho do banco de dados de Assassin's Creed Revelations.

É praticamente como jogar uma aula de História. Confesso que gastei um bom tempo lendo o banco de dados dos games da série. Quem disse que não se aprende nada jogando videogame? hehe.